quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre as cotas raciais no ensino universitário


Tem um tempão que eu estou querendo fazer um post sobre esse assunto. Mas, como é um post trabalhoso, que tem muita coisa a ser dita e explicada, tenho adiado a tarefa. Enfim, resolvi pegar o boi pelo chifre. Então vamos lá!
Eu não concordo com a política de cotas raciais. Não acho que seja justa com nenhuma raça.
Discriminação é distinção; discriminar é desigualar. O que é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, como dizia Aristóteles. Qual é a medida das desigualdades entre as raças?
O que faz com que uma raça tenha menos acesso às vagas nas universidades que legitime um regime jurídico diferenciado? Se a resposta for "a cor da pele", então pode-se afirmar que há pertinência entre o fator de discriminação e o tratamento diverso, dele decorrente.
É um absurdo crer na hipótese de que perfis de cor da pele, influem no resultado da prova de admissão na universidade.
O acesso ao ensino superior tem pertinência com o preparo do candidato, não desconsiderando a escolaridade mínima e a possibilidade de se custear a taxa de inscrição. O ensino público brasileiro deixa a desejar, notadamente o ensino médio. A quase totalidade dos candidatos aprovados nos mais concorridos vestibulares provêm de escolas particulares. Ora, se é o currículo do ensino médio o maior objeto do concurso de acesso à universidade, tudo se resume a uma só desigualdade: a desigualdade econômica.
É o pobre, independente da raça, que tem dificuldade de acesso à universidade. Ele não pôde se preparar numa escola particular; ele não pode dispor de R$ 50,00 ou R$ 100,00 para recolher a taxa de inscrição.
Por essas razões, parece mais correto prever um acesso beneficiado à universidade ao pobre, cujo mecanismo abrangeria desde a dispensa do recolhimento da taxa de inscrição à cota de vagas reservadas, propriamente, independente da raça.
Qualquer outra atitude gera insatisfação, injustiça, desconfiança e conflito entre as raças.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mudanças


Quando a gente acha que tá tudo certo, chegam as notícias ou possibilidades de algumas mudanças! Mas não aquelas mudanças figurativas, que não fazem muita diferença no todo! AQUELAS MUDANÇAS, grau 9,7 na escala richter saca?
Agora é me preparar, por que aí vem bomba!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Foda-se o povo!


Daí que os motoristas de transporte coletivo dessa cidade resolveram deflagrar uma operação tartaruga! Se arrastam pelas ruas por alguns metros, param por vários minutos, se arrastam mais alguns metros e os usuários se fodem!
A operação ocorre no centro da cidade entre as 6 horas e às 18 horas todos os dias desde sexta-feira. Ou seja, a vida desta cidade tá um caos desde sexta-feira.
Cara, eu até entendo que eles queiram defender os direitos de sua classe, mas onde ficam os direitos dos usuários?
Existem pessoas que estão tendo que andar mais de três horas para chegar ao trabalho. E ainda aqueles que tem dificuldades de locomoção que estão com a vida completamente em suspenso, dependendo da vontade de uma categoria. Completamente reféns! E o direito à liberdade de ir e vir desse povo?
Na boa? Tem que ter outro jeito de fazer valer seus direitos sem violar os direitos dos outros!
E o que é pior, o povo sofre agora, sem ônibus e vai sofrer depois com o aumento da passagem!
Para quem não depende do transporte coletivo não faz a menor diferença! Ou seja, mandaram um belo FODA-SE pro povo!
Imagina se todas as classes trabalhadoras adotassem essa postura? Ia faltar água? Energia elétrica? Limpeza das ruas? Serviços médicos? É o cúmulo do egoísmo!
Revoltei!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)


Artigo I.

Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida, e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida: amar sem amor

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem


Thiago de Melo



... Tá tudo dito!