domingo, 29 de novembro de 2009

Loucos de todos os gêneros


Toda cidade tem um louco que mora nas ruas e que é quase um patrimônio municipal!

Aqui, no interior das Minas Del Rey não é exceção! Uma de nossas figuras típicas é a Maria, uma senhora gorda, bem gorda, sem nenhum dente inteiro, que se senta numa calçada de qualquer rua movimentada e fica fazendo crochê e cantando! Um dia, sem que a segurança do Fórum percebesse, Maria entrou e se acomodou nas cadeiras da assistência no salão do tribunal do júri. E lá ficou tão quieta que passou desapercebida. Então, quando é anunciada a entrada do Juiz presidente da Tribunal do Júri, que vamos chamar só de Excelência, ela aguarda que ele se sente em seu lugar de honra e, quando todos estavam em silêncio ela se levanta e grita em plenos pulmões:

-Excelência (chamando-o pelo nome e sobrenome), quando você vai passar lá em casa para ver seus filhos?Eles estão com saudades do pai!

A assistência explodiu em uma gargalhada, o homem não sabia o que fazer, os PMs presentes ficaram sem ação. E ela continuava, olhava para as pessoas e dizia?

-Você é advogado? Quer entrar com uma pensão contra ele por mim? Ele ganha bem, a gente pode dividir!

Até que um advogado mais experiente, vendo, a confusão e falta de ação e preparo dos seguranças para lidarem com a situação começou a conversar com ela e a convenceu a sair do salão. Lá fora ela continuava gesticulando e bradando em alta voz contra o "juiz safado" que "tinha enchido seu bucho" e agora "não queria assumir seus filhos"!


Por aqui tinha também a Formiguinha, uma negra pequenina, com as pernas mais tortas que as do Garrincha, mas que anda rápido prá caramba!
O velhinho que ficava "tocando" uma violinha dessas de brinquedo em frente a um grupo escolar, um dia um PM estressado quebrou sua violinha, a turba se revoltou e enquanto ele não atravessou a rua e entrou numa loja, comprou outra violinha e deu para ele, a multidão ficou cercando o lugar!


Tinha um, já falecido, do qual não me lembro o nome, que ficava na saída dos restaurantes, muito bem vestido e abordava os clientes dizendo que a CIA tinha contaminado a marca de papel higiênico X com um vírus mortal e indetectável, por que queriam se vingar dele destruíndo todos de sua cidade, tudo por que ele não quis se tornar um assassino a serviço da CIA.


Tem um que anda, gesticula e discute o tempo todo com alguém invisível, aí de reprente para na frente de um pedestre qualquer e solta um grito enorme AAAAAAHHHHHHHHHH! Daí a pouco continua a caminhar como se nada tivesse acontecido e o pedestre quase morre de susto!


Tem uma que se apresenta como filha do Antônio Ermírio de Moraes e tenta comprar um monte de coisas pedindo que a nota seja enviada para ele!


Tem um senhor negro que toca viola caipira muito bem, tem uma enorme barba branca, mas não fala uma palavra, só responde o que você pergunta cantando e, mesmo assim, às vezes, só responde quem ele simpatiza!


Tem o Tatu que se você chamá-lo pelo nome ele dá três pulinhos e sorri para você!


Tem outros mais agressivos, que nos dão medo e, de vez em quando ameaçam as pessoas, mas esses normalmente ou bebem ou usam outras drogas e normalmente não circulam durante o dia! Desses procuramos manter distância.

Tem vários outros que eu não me lembro agora!


A ação social do município e do estado de vez em quando recolhe alguns dos inofensivos e aí passam um tempo sumidos, mas mais cedo ou mais tarde reaparecem! Quando não aparecem alguém sempre tem a notícia de que morreram, foram atropelados ou qualquer coisa parecida!


É engraçado como toda a população os conhece e reconhece, mas como ninguém sabe nada deles! Tem família? Tem casa? Tem filhos? São daqui mesmo ou vieram de outros municípios? Nasceram assim? Por que chegaram a esse ponto? Podemos fazer algo por eles?


A multidão em sua loucura os vê, mas não os enxerga. São invisíveis? Somos insensíveis?
Acho que eles vivem em uma dimensão diferente da nossa, tipo universo paralelo e, para eles, os loucos somos nós!




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